22.1.12

catorze.

De repente uma ode à idade que vejo minha irmã viver agora.
6 anos se passaram, a realidade é tão diferente. A adolescência é tão diferente hoje em dia... Parece uma Era diferente.

Minhas preocupações aos 14 anos eram praticamente escolares. Aprender química e física. Ler 40 livros em um ano. Escrever um livro...
Com 14 anos eu não tinha a mínima idéia do que era Baseball. Ainda assim escrevi um livro sobre a filha de um astro dos Yankees, que se apaixona por um cara que eu insisti em chamar de Michael Moscovitz.
Michael foi, provavelmente, minha primeira paixão platônica. Seu defeito era ser perfeito demais para a 14-year-old-Sara.
Não me lembro do enredo do livro, provavelmente minha única fã e leitora (beijo, Lelê) saiba mais do meu livro que eu. Custou-me lembrar o nome da personagem principal. No fundo parecia muito com "O Diário da Princesa" da minha favoritíssima Meg Cabot. Mas qualé? Eu tinha 14 anos, o livro era um trabalho de escola que acabou saindo de controle (afinal, ninguém simplesmente escrevia um livro com mais de 100 páginas na oitava série), minha única ambição com ele era tirar uma boa nota.
Acontece que o Objetivo NHN tinha uma maniazinha de escolher, todo ano, os melhores livros do ano anterior, pra fazer 100 exemplares e uma noite de autógrafos.
E eu, a pessoa que MENOS queria aparecer estava ali, numa mesinha mínima tendo seus 14 minutos de fama. Lembro-me do primeiro livro que assinei, justamente para a pessoa que, tempos depois seria minha maior motivação para parar de escrever.
Ali no calor daquela mesinha, assinando "Para Fulano de Tal, com carinho, S." na minha letra feia de (então) 15 anos (já que o livro só foi "publicado" um ano depois de ter sido escrito), finalmente acreditei que meu eu-lírico pudesse me levar a algum lugar.

Na verdade sou uma escritora frustrada. Quero escrever sobre coisas que ninguém se interessa. Escrevo em lugares onde ninguém tem acesso. Mantenho uma quantidade grande de blogs e miniblogs para os quais ninguém (mesmo) dá atenção. Sabe que eu até queria ganhar a vida com isso? Escrever, eu digo. Queria ser uma Danielle Steel, ou uma Meg Cabot. Não vou ser ambiciosa demais para falar JK Rowling, nem estúpida demais pra querer ser uma Stephenie Meyer (desculpa, filha, eu não quero subverter o que as pessoas pensam sobre criaturas que DEVERIAM CONTINUAR SENDO assustadoras).

Mas lá nos meus catorze anos eu queria ser escritora. Comecei N projetos de livros. Acho que nenhum deles passou dos primeiros capítulos. Até que parei de escrever.
E escrevo agora, não por sentir falta dos meus catorze anos. Talvez por que o número catorze significa uma coisa completamente diferente agora...
O 14 me trouxe de volta a vontade de palavras.

Meu eu-lírico dormia em um sono profundo por causa do dedo picado por uma roca envenenada por uma feiticeira malvada. E não acordou com o beijo de um príncipe encantado (talvez tenha sido um sapo, vai saber)... Quem acordou meu eu lírico de seu sono profundo foi quem esperei durante anos e anos de sonhos platônicos. Quem acordou meu eu lírico foi a realidade em pessoa.

Nunca escrevi tanto como agora. De repente alguém me trouxe de volta a alegria de me expressar por palavras. E agora não ligo se ninguém lê. Não ligo se ninguém gosta, se ninguém entende.
Pouco me importa também se escrevo bem ou mal. Me importa que escrevo. E escrevo por mim.

Anne Fuller, Michael Moscovitz, e todos os outros personagens dos quais não lembro nomes... Foram todos muito importante nos meus catorze anos. Personificaram meus sonhos adolescentes platônicos mais impossíveis.
David, Sam, Bella, Harry, Mia, Michael... E todas as outras personagens dos quarenta livros que lia por ano... Me sinto bastante nostálgica.
Foram tantos momentos e histórias superlegais que visualizava mentalmente... Meu mundinho de sonhos, meus livros e minhas fantasias platônicas me mantiveram, de certa forma, sã. Talvez minhas tendências meio depressivas da adolescência tenham sido amenizadas por universos paralelos criados por literatura.

Talvez já tenha sonhado demais.
Ocupo meu tempo e meu eu-lírico de realidade. De viver a surpresa de cada momento de realidade e de certeza de que sou mais feliz do que seria possível sonhar.
Deixo um pouco da imaginação para reviver as lembranças de quando tudo o que menos queria era continuar vivendo aqueles catorze anos que explodiam em sonhos e expectativas por se sentirem vazios de realidade.

2 comentários:

  1. Foi o único livro que li mais de duas vezes até hoje, e foi o único livro que lembro de frases e não me enjoo. *-*

    ResponderExcluir
  2. Eu juro, que te achei a pessoa mais parecido do mundo comigo neste momento... Uma vez uma pessoa leu meu diário escondido, e me atormentou, demorei milhares de anos para me recuperar e voltar a escrever...

    Fiquei feliz pela volta do seu eu-lírico :)

    ResponderExcluir