6.9.11

um desabafo metalinguístico

10 horas de sonhos tranquilos depois, acordei pensando se devia ter registrado alguma coisa.
Devia aproveitar esse período de discrição e metaforizar. Colocar a inspiração para fazer o trabalho de escrever por mim... Deixar que os sentimentos fluam em frases bem construídas e de sonoridades poeticamente interessantes...
Podia muito bem ter escolhido as melhores palavras, podia ter treinado meu inglês... Podia ter jogado tudo na cara do universo, ou ter falado indiretamente em menos de 140 caracteres.
Podia ter postado músicas que descreveriam tudo o que a discrição me impede de dizer abertamente. Ou, quem sabe, ter folheado Vinícius em busca de quartetos e tercetos.
Podia ter feito o mesmo que fiz em circunstâncias equivalentes do passado.

Mas percebi que a equivalência com o passado não existe. E que Vinícius faz parte desse passado. Não consegui, pela primeira vez, encontrar uma música que fale por mim... E também não tenho que jogar nada na cara de ninguém, nem do universo.  140 caracteres só contariam o fato, e não o que eu realmente sinto a respeito.
Deixo o inglês de lado, falta expressividade... E pra que escolher palavras e construir frases poéticas?
E pra que deixar a inspiração falar por mim? Inspiração é algo inconstante, vem e vai, sempre com a mesma facilidade.

Decidi não escrever. Paradoxalmente, decidi escrevendo. E deixei as metáforas de lado.
Metáforas jamais conseguiriam fazer o trabalho sujo de tentar explicar.
Deixo que as coisas sejam naturais assim. 

Desde que o eu se tornou nós, vale mais o sentimento puro do que a ideia disfarçada de poesia.

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