28.3.12

What’s real can’t die


Engraçado como a gente respira melhor depois da chuva, não?

Parei um pouco pra ser feliz hoje. Dessas últimas semanas, foi a única fez que não fiz isso com você. Você sempre foi (acho que pretéritos não valem aqui…) uma espécie de oásis. Era com você que eu conseguia esvaziar a cabeça dos problemas do dia-a-dia e descansar um pouco. Mas você está passando por dias mais densos, e não posso fazer nada pra te livrar disso, mas o que puder fazer pra aliviar, você sabe bem que estou aqui, sempre. Precisei muito hoje me desligar da vida acadêmica; estava pensando nisso de manhã, em como eu queria poder te tirar da correria por algumas horas, ou poder parar o tempo…

Bom, mas quem sou eu pra isso? Se te amo de verdade, não posso te tirar das suas responsabilidades, muito menos te atrapalhar. Confesso que as vezes fico perdida, não sabendo direito como agir quando você está na correria… Te deixo sempre saber que pode sempre me chamar, quando precisar. Mas me permito tomar alguns minutos do seu tempo pra falar de coisas agradáveis, pra dar um descanso pra sua cabeça, acho que você precisa…

Eu realmente não podia ter perdido minha tarde hoje. Levantei relativamente cedo, consegui quase terminar uma música antes da aula. Fui pra aula e de lá, logo buscar a Rebeca na escola. Fomos almoçar num restaurante que tem um prato feito delicioso, feijãozinho sucesso com bife acebolado. Só nós duas, fazia tanto tempo que não passávamos um tempinho só nós duas, fora de casa, longe de distrações e coisas pra fazer… Acho que não tem um dia que passa sem que eu sinta um pouco de remorso por não ter sido mais amiga dela durante maior parte de seus catorze anos. Agora eu vejo o quanto ela é madura e ao mesmo tempo inocente, e que coração mais nobre!

Dizem por aí que amigo é o irmão que Deus permitiu escolher. Eu digo que minha irmã é a amiga que Deus me presenteou, que não tive que escolher, porque nunca foi uma opção, não é um catálogo, não é uma pessoa que você simplesmente escolhe conviver por ter afinidades e muitas coisas em comum. Nossa convivência não é por escolha, nem por afinidades, nem por características que nos fazem escolher com quem vamos nos relacionar. Foi essa impossibilidade maravilhosa de escolha que fez a gente se amar tanto, e se entender mais ainda.

Eu vejo o quanto ela me admira, e o quanto ela diz que sou mais inteligente, mais criativa, mais talentosa… Mas sabe que eu invejo ela? Invejinha boa, claro. Ela tem um coração tão maravilhoso. Só ela mesma que não enxerga quanto potencial ela tem. Claro que nós duas temos muitos defeitos, e às vezes conseguimos irritar profundamente uma a outra, e tal. Mas é tão bom saber que a gente ama uma pessoa cada vez mais, mesmo convivendo diariamente com defeitos recorrentes e coisinhas irritantes…

Hoje nós rimos de coisas idiotas. Entramos em lojas para experimentar roupas e não comprar nada… Não fizemos nada especial nem tivemos momentos daqueles que pegam no emocional e tal… Foi espontâneo, decidimos no fim do almoço que iríamos e fomos.

Tinha tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra ler e estudar. Mas a cabeça tava cheia demais, e de certa forma eu sentia saudades da Rebeca amiga… Nem pensei muito. Só quis que a tarde durasse muito mais.

É muito triste conviver com as pessoas que você ama e não demonstrar que realmente ama. Passei minha adolescência assim, calada, não lembro de abraçar meus pais sem motivo que nem faço agora, nem de encher o saco da minha irmã pedindo beijinho. Por que eu era assim? Olho pra trás e sinto que perdi tanto tempo, podia ter sido feliz bem antes, ter feito eles um pouquinho mais felizes também…

Mas eu era uma adolescente chata, quieta, calada, protegida por uma carapaça impenetrável.

E vejo agora que a Rebeca tem esse coração maravilhoso, que faz tudo pela família, que está sempre ali, seja pra demonstrar amor ou encher o saco.

Queria que ela soubesse o quanto ela é melhor que eu nisso. E que ela tem uma grande parte da culpa de eu ter me tornado uma pessoa muito melhor depois de ter passado por uma adolescência tão insípida.

Não acho que talentos e habilidades práticas sejam tão importantes quanto um coração nobre. Talentos e habilidades a gente trabalha com o tempo… Mas um coração de Rebeca é privilégio de poucos.

E tê-la como irmã e amiga é privilégio só meu. E me faz tão feliz. E quando formos beeeem velhinhas, ela ainda vai ser meu bebê.


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