1.7.11

um post dentro do outro

E meus olhos cansados encontram um pouco de paz no céu de fim de tarde de inverno. Ah, eu queria alguem que dirigisse pra mim, miles and miles away in the beautiful winter sky...
E por alguns momentos eu sinto que falta alguma coisa... Não me falta nada. Mas sempre tem uma parte de mim que quer mais... Da vida, das pessoas, de mim mesma... Talvez mais vida, mais pessoas, mais eu mesma. O cansaço faz de mim tudo aquilo que eu evito ser, me faz sentir tudo aquilo que não quero sentir... Traz meu eu pessimista de volta...
O eu pessimista toma o controle, anula o eu lírico, sufoca o eu mesma. Meus outros eus não persistem na batalha, e o pessimista vai vencendo... O descanso vai sendo insuficiente à medida que o tempo passa. E as vezes bate aquela solidão injusta de quando tem mil pessoas (fisicamente, apenas) à sua volta... E me canso até de fingir que está tudo bem pra não contagiar negativamente as outras pessoas...
Tento achar algo em que eu ainda seja boa. Sento-me ao piano, os dedos tropeçam tortos e fracos e estupidamente fora de ritmo. E todas aquelas coisas que eu fazia tão bem? Onde elas ficam? Não, elas não me servem pra nada. É frustrante não ser bom naquilo que se deve fazer. Frustrante mesmo é pensar que você pode ter caminhado tanto pra chegar onde você nem sabe se quer ou consegue estar...
Tento escrever. Não, não sou mais aquela que escreve sonetos só de pegar lápis e papel. O projeto do livro tá parado na primeira linha, apesar de estar todo pronto na minha cabeça.
Olho pra guitarra. Desisto.
Vejo as minhas maquetes. Sou boa em fazer maquetes. Gosto de fazer. E lembro da minha média de projeto. A maquete não rende nada.
E penso nas pessoas. Não quero escrever um parágrafo sobre isso.
Penso no Gol. Esse sim me faz feliz. Me acompanha onde quer que eu queira ir. Nunca me deixa na mão. Ouve minha voz desafinada sem reclamar. Enxuga minhas lágrimas, as tristes e as de felicidade.
E penso que alguma coisa está errada. Porque, se a única coisa que me deixa um pouco feliz é um carro... Alguma coisa tá errada. Quero sair agora, deixar meu quarto e a bagunça de dia de entrega de projeto, sair e dormir no carro. Meu lugar feliz...
Não consigo nem me concentrar em 13 de Abril. Só consigo ficar triste de ver como as lembranças vão ficando menos consistentes...
E no clímax do desabafo com o Gol, peço, sei lá, um sinal que seja. Shuffle toca "Even better than the real thing"... Era um sinal... Sinal de que eu sinto saudades de "looks like the real thing"...
Porque talvez seja melhor voltar a não ser "even better than the real thing"... Talvez faça mais sentido ser pessimista.



Não se pode ser bom em tudo. Sempre penso nisso... Mas chegar num nivel em que não se é bom em nada... Bom, é demais pra mim. A única solução que vejo é negar o modo como eu vejo as coisas, fechar os olhos e fazer tudo no piloto automático. Arquitetura não se faz assim. Arquitetura se faz a partir de cada um, vem de dentro, sabe... de entender aquilo que te pediram pra fazer e fazer com o coração... espacializar o sonho, as vontades, as necessidades...
Eu sou boa nisso. Mas vou fazer uma pausa. Vou me esforçar pra ser boa pra fazer isso mecanicamente, porque é assim que eu vou terminar essa faculdade.
E depois que terminar, tiver com o diploma penduradinho na parede, vou tirar o coração da gaveta e dizer "vai, faz o sonho de alguém ter forma, que assim o seu próprio vai ser real".

Se "fazer arquitetura" é meu sonho? Olha, se "arquitetura" é isso que eu to fazendo, então, sinceramente... não, isso não é meu sonho não.
Só estou absorvendo coisas mecanicamente pra depois de 6 anos ser uma máquina de projetos.
Quem sabe, no fim disso tudo, eu possa tirar meu coração da gaveta e dizer "vai, agora você pode voltar a projetar por mim"...

Sou boa em colocar meu coração nas coisas.
Quando será que eu vou poder fazer isso de novo?


Bom, e é assim que começo meu aniversário.
The older, the bitter...

making no sense since 1991.

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