29.4.11

time won't leave me as I am

Sonhei esquisito também.

Sonhei que tinha voltado. E aquele pé direito alto continua assombrando minhas memórias... E o barulho da chuva caindo no quintal, no telhado e na piscina... E o vento batia empurrando a chuva pro vidro da minha janela. Era cedo e estava meio escuro.

E ele esperava na sala. Aliança de ouro no dedo, sorriso no rosto. Tive medo, olhei pras minhas mãos. Nada.
O alívio me fez cair no sofá e ser feliz por mim mesma. Meus sonhos finalmente resolveram se desvencilhar do passado, mostrar que as feridas do passado não têm mais importância. E lavar a culpa das feridas que causei...

Você sempre será meu passado. Eu quero que seja. Queria o presente também, quem sabe. Mas acho melhor ir embora.

Fiquei parada ao portão vendo uma cena que eu já vi. O mesmo carro vermelho urrando na rua esburacada. Mas tinha chuva. Não quis entrar.

Caminhei para a chuva, e não conseguia ver mais nada, mais ninguém. Era tão densa que pesava sobre a cabeça. Não era fria, e mesmo tão intensa não me desencorajava.
Olhei pra trás e quis voltar. Achei melhor voltar. Onde estava a casa? Onde estava tudo? Me senti sem memórias. E o chão não era mais aquela rua esburacada. Era tudo cinza, cinza e água. Era um novo livro em branco onde eu começaria a escrever uma nova fase.

E por algum tempo indeterminado éramos só eu e a chuva num universo onde só nós existíamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário