9.4.11

 De repente me lembro de como o Gol veio sozinho pra casa naquele dia em que minha mente se perdia em linhas tortas… A voz ecoava recente no campo mais físico possível da memória. E eu me desviava de todas aquelas raízes esquisitas que queriam me segurar, me impedir.

De repente a voz era só eco, e o que era físico simplesmente desapareceu. As raízes me puxavam, me prendiam… Tentei fugir delas segurando em galhos secos do passado de onde folhas queriam crescer novamente… Não, não me deixam… Tento ceder… Não consigo.

De repente me vejo sem outra opção. Entre as frestas da realidade eu me via além, e me via em paz… E quis correr, quis fugir, sempre quis fugir e não conseguia…

De repente me vejo correndo, respirando… E de repente eu consigo tudo o que eu sempre quis. Era meu, só meu. Ou poderia ser… Mas onde havia perdido o frio na barriga que eu tanto esperava? Era o nada. Sentia o nada. Queria o nada. De repente tudo que eu sempre quis simplesmente se fez nada.

De repente tenho que voltar. Temo. E o tempo quer me prender novamente. Não quero mais, não posso, não consigo. E fujo. Evito. E busco algo dentro do nada. Qualquer coisa. Nada.

De repente me vejo independente. E deixo tudo pra trás. Piso em todas as partes quebradas que ficaram pra trás, e ignoro cada vez que me feri por ter me importado demais… Tento ser sutil, gentil, ou um pouco mais direta. Tento mostrar que não dá mais. Não adianta. Desisto. Não cabe mais a mim. Pra mim chega. Lavo minhas mãos.

De repente eu acho que consigo sentir novamente. Foi preciso impedir o Gol de vir sozinho pra casa enquanto minha mente se ocupa com planos e racionalizações do irracionalizável. Deixei minha razão no porta-malas. De repente me vejo com vontade de sentir de novo. Qualquer coisa que seja… Sem anos de história pra trás… Sem história alguma… Sem promessas quebradas… Foi preciso passar horas sem mais o que fazer além de pensar sem a razão…

De repente, não mais que de repente - como diria meu poeta - me decido. Sou nova nisso, não sei decidir. Mas deixo pra trás tudo o que pra trás ficou. E que fique pra trás tudo que pra trás eu deixei.

De repente eu sei. Finalmente eu sei.

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