25.10.12

do abandono...


acho que ela se perdeu por aí, em algum lugar entre a melancolia e o desencontro. pode até ser que ela ainda exista em algum cantinho intrínseco do meu subconsciente, ou ela pode ter sido atropelada em um daqueles sonhos confusos e desesperadores.

ela pode aparecer como uma vontade tímida após aquelas horas de terapia, ou daqueles momentos de descanso mental.

talvez ela tenha sido queimada junto com o que tinha de gordura e culote, talvez ela volte após dois bons pedaços de pizza… talvez ela até esteja aqui comigo, agora.

ou talvez ela seja, agora, um flash de alguém que fui no passado e que se perdeu em mim, em minha bagunça emocional e desestrutura psicológica.

ela quer voltar, mas está viajando sem passagem de volta. buscando destinos na memória, lembranças nos planos futuros. sempre infantil e confusa, inocente e incoerente. sempre inundada de mais amor do que pode suportar, acaba que se sufoca.

me abandonou sem dizer adeus. agora me acusa de que foi eu quem partiu.

parti de mim, parti para o incerto. do meio triste e de hormônios bagunçados, busco-a de volta, chamo-a de volta pra mim, minha doce inspiração.


from tumblr

21.5.12

everlong...

O passado fica diante de mim concentrado em descobrir felicidade em meus olhos. Olho-o fundo e nada vejo além de passado. O que será que ele pensa de mim?
Não quero que ele sinta que o deixei pra trás, nem que passei por cima dele... Por tanto tempo caminhamos juntos quanto ainda se chamava presente que fizemo-nos tão amigos, tão fiéis. Nós só temos uma diferença: ele jamais muda.
Eu tenho que te dizer, passado, satisfazer sua grã curiosidade de ter notícias minhas. Preciso te dizer que não te arrependo, nem te ressinto... Te dizer que não há nada que você possa mais fazer por mim, nós estivemos muito tempo presos um ao outro, por teimosia minha, acredito.
Já tem algum tempo que venho andando para frente, it feels good, you know? Eu sei que você gostaria que houvesse continuidade nessa história, que o meu hoje se funda a você amanhã para que você sinta que faz sentido. Mas eu, como a parte mutável, queria uma coleção de n passados. Separar vocês de acordo com quem eu sou, ou era, ou serei. Sei que minha memória é a mesma, e que isso é inviável, mas me arrisco.
Já tem algum tempo que venho construindo um passado diferente, já sabendo o que quero para o amanhã. E é desse hoje-que-será-passado que quero me lembrar com aquela lagrimazinha boa de felicidade.

É esse hoje que quero carregar nos olhos todos os dias, e fazer dele não mais passado, mas fundi-lo ao imediato, ao agora, ao sempre.

28.3.12

What’s real can’t die


Engraçado como a gente respira melhor depois da chuva, não?

Parei um pouco pra ser feliz hoje. Dessas últimas semanas, foi a única fez que não fiz isso com você. Você sempre foi (acho que pretéritos não valem aqui…) uma espécie de oásis. Era com você que eu conseguia esvaziar a cabeça dos problemas do dia-a-dia e descansar um pouco. Mas você está passando por dias mais densos, e não posso fazer nada pra te livrar disso, mas o que puder fazer pra aliviar, você sabe bem que estou aqui, sempre. Precisei muito hoje me desligar da vida acadêmica; estava pensando nisso de manhã, em como eu queria poder te tirar da correria por algumas horas, ou poder parar o tempo…

Bom, mas quem sou eu pra isso? Se te amo de verdade, não posso te tirar das suas responsabilidades, muito menos te atrapalhar. Confesso que as vezes fico perdida, não sabendo direito como agir quando você está na correria… Te deixo sempre saber que pode sempre me chamar, quando precisar. Mas me permito tomar alguns minutos do seu tempo pra falar de coisas agradáveis, pra dar um descanso pra sua cabeça, acho que você precisa…

Eu realmente não podia ter perdido minha tarde hoje. Levantei relativamente cedo, consegui quase terminar uma música antes da aula. Fui pra aula e de lá, logo buscar a Rebeca na escola. Fomos almoçar num restaurante que tem um prato feito delicioso, feijãozinho sucesso com bife acebolado. Só nós duas, fazia tanto tempo que não passávamos um tempinho só nós duas, fora de casa, longe de distrações e coisas pra fazer… Acho que não tem um dia que passa sem que eu sinta um pouco de remorso por não ter sido mais amiga dela durante maior parte de seus catorze anos. Agora eu vejo o quanto ela é madura e ao mesmo tempo inocente, e que coração mais nobre!

Dizem por aí que amigo é o irmão que Deus permitiu escolher. Eu digo que minha irmã é a amiga que Deus me presenteou, que não tive que escolher, porque nunca foi uma opção, não é um catálogo, não é uma pessoa que você simplesmente escolhe conviver por ter afinidades e muitas coisas em comum. Nossa convivência não é por escolha, nem por afinidades, nem por características que nos fazem escolher com quem vamos nos relacionar. Foi essa impossibilidade maravilhosa de escolha que fez a gente se amar tanto, e se entender mais ainda.

Eu vejo o quanto ela me admira, e o quanto ela diz que sou mais inteligente, mais criativa, mais talentosa… Mas sabe que eu invejo ela? Invejinha boa, claro. Ela tem um coração tão maravilhoso. Só ela mesma que não enxerga quanto potencial ela tem. Claro que nós duas temos muitos defeitos, e às vezes conseguimos irritar profundamente uma a outra, e tal. Mas é tão bom saber que a gente ama uma pessoa cada vez mais, mesmo convivendo diariamente com defeitos recorrentes e coisinhas irritantes…

Hoje nós rimos de coisas idiotas. Entramos em lojas para experimentar roupas e não comprar nada… Não fizemos nada especial nem tivemos momentos daqueles que pegam no emocional e tal… Foi espontâneo, decidimos no fim do almoço que iríamos e fomos.

Tinha tanta coisa pra fazer, tanta coisa pra ler e estudar. Mas a cabeça tava cheia demais, e de certa forma eu sentia saudades da Rebeca amiga… Nem pensei muito. Só quis que a tarde durasse muito mais.

É muito triste conviver com as pessoas que você ama e não demonstrar que realmente ama. Passei minha adolescência assim, calada, não lembro de abraçar meus pais sem motivo que nem faço agora, nem de encher o saco da minha irmã pedindo beijinho. Por que eu era assim? Olho pra trás e sinto que perdi tanto tempo, podia ter sido feliz bem antes, ter feito eles um pouquinho mais felizes também…

Mas eu era uma adolescente chata, quieta, calada, protegida por uma carapaça impenetrável.

E vejo agora que a Rebeca tem esse coração maravilhoso, que faz tudo pela família, que está sempre ali, seja pra demonstrar amor ou encher o saco.

Queria que ela soubesse o quanto ela é melhor que eu nisso. E que ela tem uma grande parte da culpa de eu ter me tornado uma pessoa muito melhor depois de ter passado por uma adolescência tão insípida.

Não acho que talentos e habilidades práticas sejam tão importantes quanto um coração nobre. Talentos e habilidades a gente trabalha com o tempo… Mas um coração de Rebeca é privilégio de poucos.

E tê-la como irmã e amiga é privilégio só meu. E me faz tão feliz. E quando formos beeeem velhinhas, ela ainda vai ser meu bebê.


25.3.12

Notificações (0)

Se tem uma coisa que me irrita é ver numerozinhos de notificações.
Não sossego enquanto não deixo meu RockMelt sem nenhum quadradinho vermelho.
Me irrita saber que tem alguma coisa ali; me irrita não saber o que é. Emails não lidos, mensagens sem checar, notificações idiotas do facebook que ficam tirando minha atenção.
Tem sempre 4 guias abertas no navegador. Twitter, Facebook, Gmail-1 e Gmail-2. E é só aparecer um "(1)" do lado que eu logo já estou checando, limpando. Só até essa frase, já mudei de guia pelo menos quatro vezes.
Isso ainda atinge níveis doentios no BlackBerry. LED piscando = inquietação. Tem uma barrinha abaixo do relógio que mostra notificações gerais. Redes sociais, calendário, ligações perdidas, mensagens não lidas... Checo a cada 10 segundos pra ver se está tudo lido, tudo respondido, se já sei de tudo. Não consigo me desligar dele; e fico perturbada e impaciente quando vejo o led piscando e não posso checar por estar conversando com alguém. Às vezes, em situações mais casuais com as pessoas mais chegadas, até consigo ler e responder mensagens e conversar sem prejudicar a atenção de uma ou outra coisa.
Mas pra que isso tudo?
Não consigo mais voltar a usar o Firefox. A borda de aplicativos do RockMelt me fez de escrava. Já desisti até do modo silencioso, ele me deixa ainda mais impaciente por não saber o que pode estar acontecendo.
Não consigo mais voltar a usar celulares normais. Aliás, até nos celulares normais eu tinha essa coisa doentia de não deixar nenhuma notificação sujar a tela inicial. E agora os smartphones se encarregaram de acabar ainda mais com meu sossego.
Pelo menos me recuso a ter um tablet. Não preciso. Não quero.
De qualquer jeito, a internet do meu BlackBerry não funciona. E nem corro atrás de resolver isso, pra não gastar ainda mais, e pra não levar essa neurose de notificações até pra longe de casa.

A que ponto estamos chegando?
Será que conseguimos viver sem tudo isso? Sem tecnologia? Sem checar a caixa de emails dezenas de vezes por dia? Sem postar qualquer coisa inútil no microblog ou promover sua imagem "politizada", sensível, perfeita e imaculada nas redes sociais?
Com quantas pessoas você consegue passar tempo de qualidade sem que um par de parênteses com número dentro te atrapalhe?
Quanto tempo você consegue passar sozinho sem checar alguma dessas coisas?

Por quanto tempo podemos descansar dessas notificações nos dias de hoje?
Sinto que a tendência disso tudo é piorar. Eu ainda não trabalho, nem sou dona do meu próprio nariz, não tenho conta bancária e não tenho uma vida muito burocrática pra administrar.

Se não consigo, agora, deixar algumas notificações pra depois, o que será de mim amanhã?

22.3.12

I want to satisfy the undisclosed desires...

Vinte e dois de março de dois mil e onze. Um dia típico de começo de semestre, não fosse pela aula logo às 8h.
A cama me expulsa cedo, a casa me expulsa mais cedo do que o necessário. Meu companheiro de todos as noites não pode me agraciar naquela terça feira. Já começou diferente. Sem carro e sem salto.
Decido pegar um ônibus alternativo, um caminho mais longo, mais tempo para o shuffle fazer algum efeito. Não havia me preparado psicologicamente pra tudo aquilo. Só me levantei, atipicamente usei o transporte coletivo que tanto odeio a cada curva acelerada e a cada fechada pela direita.
Aula de uma eletiva que trancaria na semana seguinte. Almoço no restaurante universitário. Reuniões e trabalhos infinitos. E não queria mais estar ali, queria respostas. Queria pelo menos a confirmação de que a história se repetiria.
Mensagens despretensiosas. Eu precisava saber o que era aquilo. Nem que fosse para dar umas risadas depois. Nem que fosse só mais uma coisa a relevar.

Mas aquela terça feira não entardeceu para ser comum. Não era mesmo pra ser parte da equação linear que sempre foi minha vida.
Linear é um conceito que não se aplica. O início da noite me transformou em bola de pingue-pongue. Não fazia mal me divertir um pouco. Não fazia mal me despreocupar por alguns momentos.
Não fez mal algum ter voltado pra casa com o tornozelo mais gordo que a coxa. Não fez mal ter que acordar no dia seguinte e ir direto para o hospital imobilizar o pé. Não fez mal ter ficado uma semana longe do volante.

No fim das contas, não fez mal algum que aquele dia tenha sido uma conspiração do universo para me fazer passar uma semana somente com o pé direito no chão. Porque o ano que se iniciou ali não poderia, de maneira alguma, ter começado com o pé errado.

Porque, apesar de """errado""", acho que tudo acabou dando é certo demais.


Parabéns, LW, pelo seu primeiro ano. E obrigada por sempre manter todos os seus irmãos unidos e felizes.

20.3.12

lucid dream

Me surpreendo por estar ali novamente. Era o nada e a chuva só fazia daquilo o próprio tudo. Parecia não haver atmosfera, só a gravidade atraindo a água que me cobria os pés...
Condeno-me por deixar um quê de dúvidas. Talvez não dúvidas, não tenho dúvidas... Talvez aquele restinho de quem eu era ainda tenha voz... De chão e água e nada mais além de mim, sinto que ainda falta.

De um lapso de conciência surge o eu impaciente e dele emergem medos concretizados em insensatez. E nada faltava. E tudo ainda era insuficiente. Mas tudo se fez essência, e da essência surgiu a certeza.

Certeza de que nada faltará enquanto formos nosso próprio tudo.

16.3.12

3 anos depois, uma resposta...

Post de 4 de Setembro de 2009.
Sabe aquela história de "cuidado com as suas palavras"?
Então... Exatamente 3 anos depois, eu tive a resposta.


I got a felling...
...that tonight is gonna be the same night as the night before...
and the next nights will be just the same.




Can you PLEASE do something?
I'm just freaking out! I can't do this anymore...
I don't want it to be like this, I want some more attitude...


please, take my feet out of the ground
take my mind out of the same damn things
or just don't give me hope...
I don't wanna just hope... I wanna LIVE what I'm hoping for.


so far, all I got is my idiot dreams.
will you make them come true?
if you want to
please do something


now

14.3.12

it feels like...

it feels like... by sscracking
it feels like..., a photo by sscracking on Flickr.

Me surpreende que eu tenha conseguido ver a beleza desse fim de tarde. Quantos outros já perdi, quantos ainda serão desperdiçados?

Não aguento mais ficar parada no trânsito. Quero o céu sempre bonito assim pra me lembrar que existe muito mais além dessa incessante corrida contra o tempo do mundo contemporâneo.