29.9.09

Fuga

De que adianta ficar imaginando coisas que não têm a mínima chance de acontecer?
Às vezes me pego imaginando cenas e vontades que são inalcançáveis...
As paixões platônicas ganham cada vez espaço em meio a amores incertos e responsabilidades estressantes... E deitar à noite pensando em coincidências promissoras, e as consequências mais do que românticas de um simples encontro ao acaso no Centro de Convivência...
Uma possível carona que nos desviasse para a Livraria Cultura... ou um acidente de trânsito que nos deixasse presos por longos minutos...
E a trilha sonora perfeita para cada momento, cada movimento, cada aproximação...

Mas de que adianta? Ele é platônico demais, impossível demais, chega a ser proibido demais. Mas os olhos nos quais me perco por segundos que eu sempre desejo intermináveis.
Mas de que adianta? O que terei além da satisfação mental de uma presença impossível?

Mas eu volto à realidade. O que tenho eu que seja parecido com isso? Quais momentos seriam tão especiais? Quais as palavras certas que ganho e falo? E os abraços vazios? E aquele que eu acho que está perto mas que dá poucos sinais disso? E quanto tempo mais eu poderia esperar? E o que eu devo esperar?
A realidade é menos satisfatória.

Entre ter momentos apenas na mente e não tê-los na realidade, prefiro me iludir e continuar sonhando e pensando e imaginando e encontrando-o todo cheio de palavras e abraços irreais.
Porque, pelo menos, os terei de alguma forma; e mesmo que eu não os sinta, os abraços são sempre os mais surreais e escapistas.

E a realidade me traz o incerto; quero-o, mesmo incerto. Se vou tê-lo? Não tenho certeza.
A única certeza que tenho é que, enquanto a realidade não me realiza incertos possíveis, para o platônico dono daqueles olhos eu fujo.
Uma fuga que sempre terei. O que quer que aconteça.

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